sábado, 30 de julho de 2011

O pescador e sua pesca de cada dia



Aproveitando a maré que está alta, seu Alcides (o Siribóia), segue com seus passos miúdos, embora muito decididos em direção a sua montaria aportada junto ao trapiche da praça de São João da Ponta. Embarca em sua embarcação coberta por uma tolda que desenha sobre a canoa um curioso arco com cerca de meio metro a ditar do calado a tolda azul. Remos nas mãos, em pé na parte frontal da canoa, olhos fixos no rumo de onde estão os peixes. E lá se vai o nosso incansável pescador de 86 anos descendo o rio Mocajuba mais uma vez. Cumprindo sua missão de anos a fio com muito amor. A necessidade daquela atividade já não é material, trata-se de uma necessidade da alma. Pois como diria sua esposa dona Maria: “Precisar ele não precisa mais. Somos nós dois aposentados e nossos filhos já estão todos criados”.

E eu observo seu Siribóia parado mais sua canoa no meio do Mocajuba. Sentado e segurando firmemente a linha onde está o anzol. Sinto um desejo imenso de poder estar por alguns minutos dentro de sua cabeça para sentir e entender como aquele senhor de estatura baixa, pequenos negros olhos redondos e um jeito todo especial de narrar suas histórias. Será que ele estaria pensando naquele peixe Mero com mais de 40 kilos pescado por ele após uma batalha de muitas horas em que o peixe lutou bravamente com o pescador de 84 anos (na época) até ser vencido pela habilidade e experiência daquele homem de olhos perdidos no espelho das águas calmas do Mocajuba nessa manhã de sol de julho... Ou estaria pensando nas animadas festas de Carimbó aonde os homens iam vestindo paletós muito elegantes...
peixe Mero  (Epinephelus itajara)
Seu Siribóia encosta sua canoa ao lado do trapiche da praça. A pescaria não foi muito boa. Apenas alguns peixinhos. O rio Mocajuba de hoje já não é mais o mesmo rio pesqueiro de outrora. Joga-se a pequena âncora e logo em seguida desembarca o pescador e seus pescados. Sua casa é logo ali. Então ele atravessa toda a praça com seus pequenos passos, dobra a direita e entra em sua casa.

Texto: Walter Rodrigues e Deividy Edson.

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Observação: Os nomes e as informações prestadas pelos narradores denominados acima são respaldados por Autorização assinadas pelos mesmos. Toda informação aqui apresentada são autorizadas por seus autores para uso de fins didático.



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